“Se, porém, algum de vós necessita de sabedoria, peça-a a Deus, que a todos dá liberalmente e nada lhes impropera; e ser-lhe-á concedida.” Tiago 1:5
O autor do livro de Rute não é explicitamente mencionado no próprio texto. Tradicionalmente, muitos acreditam que o profeta Samuel seja o autor, já que o livro é parte da tradição dos livros históricos no Antigo Testamento e porque Samuel foi um importante figura na época. No entanto, a autoria dos livros do Antigo Testamento, incluindo Rute, muitas vezes permanece incerta, pois os textos bíblicos foram transmitidos e compilados ao longo do tempo, e os autores originais podem não ter sido diretamente identificados nos manuscritos. O foco da tradição bíblica muitas vezes está mais na mensagem espiritual e nas lições do que na autoria específica.
A razão pela qual Noemi e sua família foram para Moabe é mencionada no início do livro de Rute, no Antigo Testamento da Bíblia. Noemi, seu marido Elimeleque e seus dois filhos, Malom e Quiliom, partiram de Belém em Judá devido a uma fome na terra. Esta situação de escassez de alimentos os levou a buscar refúgio em Moabe, uma região vizinha.
O livro de Rute, no capítulo 1, versículos 1-2 (NVI), afirma:
“1 No tempo em que os juízes governavam, houve uma fome na terra, e um homem de Belém de Judá foi morar no país de Moabe, ele, sua mulher e seus dois filhos. 2 O homem se chamava Elimeleque, sua mulher Noemi, e seus dois filhos se chamavam Malom e Quiliom; eram efrateus de Belém de Judá. Chegaram a Moabe e lá ficaram.”
Portanto, a mudança para Moabe foi motivada pela busca de recursos básicos, como comida, durante um período de fome em Belém. Infelizmente, a história continua a narrar as tragédias que ocorreram durante a estadia em Moabe, incluindo a morte de Elimeleque e seus dois filhos, Malom e Quiliom, os maridos de Rute e Orfa (a outra nora de Noemi), faleceram, assim como Elimeleque, deixando Noemi e suas noras viúvas.
Quem eram os Moabitas
Os moabitas eram um povo que habitava a região conhecida como Moabe, localizada a leste do rio Jordão, na região que hoje faz parte da Jordânia. A história dos moabitas está registrada na Bíblia, principalmente no Antigo Testamento.
Segundo a tradição bíblica, os moabitas eram descendentes de Moabe, que era o filho mais jovem de Ló, sobrinho de Abraão. A narrativa bíblica descreve a origem dos moabitas a partir de um episódio envolvendo Ló e suas filhas, conforme registrado em Gênesis 19:30-38.
Os moabitas eram considerados um povo vizinho dos israelitas, e as interações entre esses dois grupos são frequentemente mencionadas na Bíblia. No contexto bíblico, os moabitas eram vistos como estrangeiros pelos israelitas, e algumas leis do Antigo Testamento regulamentavam as relações entre os dois povos.
É importante observar que, embora houvesse tensões e conflitos entre israelitas e moabitas em algumas passagens bíblicas, o livro de Rute oferece uma visão única, destacando a história positiva de Rute, uma moabita, que escolheu seguir o Deus de Israel e demonstrou grande lealdade à sua sogra, Noemi.
Deus enfatiza a história de duas mulheres pobres e viúvas, como Rute e Noemi, para destacar a importância das virtudes como lealdade, solidariedade e fé, independentemente das circunstâncias desafiadoras. Essa narrativa ressalta que Deus valoriza o coração e a integridade das pessoas, independentemente de sua posição social ou recursos materiais. Além disso, ela serve como um exemplo inspirador de como a fé e a bondade podem influenciar positivamente o curso das vidas e até mesmo desencadear bênçãos divinas. A ênfase em histórias de pessoas aparentemente comuns destaca a universalidade dos princípios divinos, demonstrando que todos têm um papel significativo na história que Deus está escrevendo.
Na sociedade antiga, e isso inclui o contexto bíblico em que Rute viveu, o estado de viuvez era muitas vezes desafiador e carregava diversas implicações para as mulheres. Algumas considerações incluíam:
Status Social Reduzido:
As mulheres viúvas frequentemente enfrentavam uma diminuição de seu status social. Na ausência de um marido, que era muitas vezes o provedor e protetor, as mulheres podiam experimentar uma mudança na percepção e tratamento por parte da sociedade.
Muitas mulheres dependiam financeiramente de seus maridos. A perda do cônjuge frequentemente resultava em uma situação econômica precária, já que as mulheres viúvas podiam ter dificuldades para garantir sustento próprio e de seus filhos, se os tivessem.
Em algumas culturas antigas, as mulheres viúvas enfrentavam limitações legais e sociais. Seus direitos podiam ser restritos, e elas muitas vezes dependiam de membros da família ou da comunidade para apoio.
A viuvez também poderia levar à solidão e ao isolamento, pois a sociedade muitas vezes estava centrada em torno de unidades familiares. As viúvas poderiam ser excluídas de certas atividades sociais ou eventos.
No caso de Rute e Noemi, a viuvez dupla (Noemi perdendo o marido e os dois filhos, e Rute perdendo o marido) a deixou em uma situação particularmente desafiadora. O livro de Rute destaca a solidariedade e lealdade excepcionais de Rute ao escolher ficar com Noemi, oferecendo uma perspectiva inspiradora sobre como enfrentar adversidades na vida.
“1 No tempo em que os juízes governavam, houve uma fome na terra, e um homem de Belém de Judá foi morar no país de Moabe, ele, sua mulher e seus dois filhos. 2 O homem se chamava Elimeleque, sua mulher Noemi, e seus dois filhos se chamavam Malom e Quiliom; eram efrateus de Belém de Judá. Chegaram a Moabe e lá ficaram. 3 Elimeleque, marido de Noemi, morreu, e ela ficou com seus dois filhos. 4 Eles casaram com mulheres moabitas, sendo uma chamada Orfa e a outra Rute. Viveram ali uns dez anos. 5 Malom e Quiliom também morreram, e Noemi ficou sem seus dois filhos e sem seu marido.” Rute 1:1-5
Este capítulo inicia no tempo dos juízes, uma época marcada por ciclos de rebelião e restauração em Israel. A fome força Elimeleque e sua família a buscar refúgio em Moabe, um movimento que resulta em tragédias sucessivas.
A fome impõe uma escolha difícil a Elimeleque. A decisão de migrar para Moabe, embora compreensível, é um passo que levará a eventos dolorosos.
Os filhos de Noemi casam-se com mulheres moabitas, mas a felicidade é efêmera. A morte de Elimeleque, Malom e Quiliom deixa Noemi viúva e sem seus filhos.
Em momentos de crise, é vital tomar decisões ponderadas. No entanto, mesmo as escolhas sensatas podem trazer desafios. Buscar orientação e agir com sabedoria são princípios cruciais.
Noemi enfrenta uma série de perdas significativas. Em nossa jornada, a capacidade de lidar com a perda e encontrar força em meio à adversidade é uma habilidade valiosa.
A diversidade de casamentos entre israelitas e moabitas levanta questões sobre relacionamentos interculturais. Na vida cotidiana, a reflexão sobre a diversidade e a aceitação pode enriquecer nossa compreensão e apreciação pelas diferenças.
O capítulo 1 de Rute estabelece o palco para uma jornada repleta de desafios, tristezas. Nos convida a refletir sobre nossas próprias decisões em tempos difíceis e a encontrar significado e propósito mesmo em meio à dor. A história de Noemi e sua família nos lembra que, em meio às tribul
ações, a lealdade e a esperança podem florescer.
“1 Noemi tinha um parente chamado Boaz, homem de destaque e influente, que pertencia à família de Elimeleque. 2 Certa ocasião, Rute, a moabita, disse a Noemi: ‘Deixe-me ir aos campos e apanhar espigas atrás de alguém que me permita acompanhá-lo.’ Noemi respondeu: ‘Vá em frente, minha filha.’ 3 Assim, foi ela e começou a colher espigas no campo atrás dos ceifadores. Por acaso, o campo a que foi pertencia a Boaz, que era da família de Elimeleque.” Rute 2:1-3
Noemi e Rute encontram-se em uma situação difícil, mas a providência divina entra em cena ao conduzi-las ao campo de Boaz. A coincidência é, na verdade, parte de um plano divino.
Rute demonstra iniciativa e desejo de contribuir para o sustento delas. Ela escolhe trabalhar nos campos, buscando uma vida melhor para si e Noemi.
Boaz é apresentado como um homem de destaque e influente. Sua posição social destaca a possibilidade de intervenção positiva em suas vidas.
Assim como Rute confiou que Deus a guiará para um campo favorável, podemos confiar na providência divina em nossas vidas, sabendo que as circunstâncias muitas vezes estão além de nosso controle.
A atitude de Rute destaca a importância da iniciativa e do trabalho digno. Mesmo em tempos difíceis, agir com determinação pode abrir portas para bênçãos inesperadas.
Estar atento às oportunidades ao nosso redor, assim como Rute reconheceu o campo de Boaz, é crucial. Podemos estar cercados por recursos e pessoas que podem impactar positivamente nossas vidas.
O capítulo 2 de Rute revela a interseção divina nas vidas de Noemi e Rute, mostrando que, mesmo nas atividades diárias, a mão de Deus está presente. A história nos lembra da importância de agir com diligência, ter confiança na providência divina e reconhecer as oportunidades que podem levar a bênçãos extraordinárias.
“1 Um dia, Noemi, sua sogra, lhe disse: ‘Minha filha, eu preciso procurar um lar para você, onde você seja feliz. 2 Boaz, com cujas servas você trabalhou, não é nosso parente? Pois bem, esta noite ele está debulhando cevada na eira. 3 Lave-se, ponha perfume e vista seu melhor vestido. Depois, desça até a eira; mas não deixe que ele saiba que você está ali antes que ele tenha terminado de comer e beber. 4 Quando ele se deitar, observe o lugar onde ele está deitado. Então vá, descubra os pés dele e deite-se ali. Ele lhe dirá o que você deve fazer.’” Rute 3:1-4
Noemi elabora uma estratégia para Rute que envolve uma abordagem respeitosa e sutil para se aproximar de Boaz. Isso mostra a preocupação de Noemi com o futuro de Rute.
Rute demonstra coragem ao seguir as instruções de Noemi. Sua disposição de agir reflete sua confiança na orientação de Noemi e sua esperança em um futuro melhor.
A situação destaca a natureza respeitosa de Boaz, que observa as normas sociais e dá espaço para Rute expressar suas intenções.
Assim como Noemi elaborou uma estratégia cuidadosa para Rute, podemos buscar sabedoria ao tomar decisões importantes em nossas vidas, especialmente quando enfrentamos desafios.
A coragem de Rute em buscar oportunidades destaca a importância de superar o medo e agir com determinação em direção a objetivos que podem melhorar nossas vidas.
Boaz, ao ser respeitoso e seguindo normas sociais, nos lembra da importância do respeito nas relações interpessoais. Essa atitude pode criar um ambiente de confiança e compreensão.
O capítulo 3 de Rute nos leva a uma narrativa cheia de estratégia, coragem e respeito. Mostra como a providência divina pode se manifestar por meio de ações prudentes e corajosas, e nos inspira a buscar oportunidades com confiança, respeito e esperança no futuro.
“1 Boaz subiu à porta da cidade e se assentou ali. Quando o parente mais próximo, de quem Boaz havia falado, estava passando, Boaz o chamou: ‘Venha, sente-se aqui, amigo!’ Então o homem veio e se assentou. 2 Boaz escolheu dez dos líderes da cidade e disse a eles: ‘Sente-se aqui’. E eles se assentaram. 3 Então Boaz disse ao parente mais próximo: ‘Noemi, que voltou do país de Moabe, está vendendo a parte de terra que pertencia a nosso irmão Elimeleque. 4 Pensei que deveria informá-lo e dizer-lhe: Compre-a na presença destes que estão sentados aqui e na presença dos líderes do meu povo. Se você quiser redimi-la, redima-a. Mas, se não quiser, diga-me, para que eu o saiba. Pois ninguém tem o direito de redimi-la além de você, e eu, que venho depois de você.’ Ele respondeu: ‘Eu redimirei.’ 5 Então Boaz disse: ‘No dia em que você comprar o campo da mão de Noemi, também adquire Rute, a moabita, a mulher do falecido, para preservar o nome do falecido em sua propriedade.’ 6 O parente mais próximo respondeu: ‘Neste caso, não posso redimir.’” Rute 4:1-6
Boaz escolhe deliberadamente a porta da cidade, um local de tomada de decisões e negociações, para tratar da questão da redenção do campo de Elimeleque.
Boaz aborda o parente mais próximo publicamente, apresentando a oportunidade de redimir o campo de Elimeleque e, implicitamente, assumir a responsabilidade por Rute.
O parente mais próximo, após inicialmente expressar interesse na redenção, recusa-se quando percebe que isso também envolveria assumir a responsabilidade por Rute.
Assim como Boaz escolhe um local estratégico para negociar, devemos abordar nossas decisões com sabedoria e discernimento, considerando o contexto e as implicações.
A oferta ao parente mais próximo destaca a ligação entre redenção e compromisso. Em nossas vidas, assumir responsabilidades envolve compromisso e, muitas vezes, decisões difíceis.
A história revela que a redenção de Boaz não se limita apenas ao campo, mas se estende a Rute, resultando em bênçãos inesperadas. Da mesma forma, em nossas escolhas, as bênçãos podem superar nossas expectativas quando agimos com generosidade e integridade.
O capítulo 4 de Rute culmina em uma tomada de decisão crucial, onde Boaz assume a responsabilidade de redimir o campo e, consequentemente, Rute. A narrativa destaca a importância das escolhas éticas, da responsabilidade e como as bênçãos podem fluir quando agimos com generosidade e integridade.
Certamente, aqui está um resumo geral do livro de Rute:
O livro de Rute é uma narrativa curta, porém poderosa, que se desenrola em torno de três personagens principais: Noemi, Rute e Boaz. A história começa durante um período de fome em Belém, levando Elimeleque, Noemi e seus dois filhos a emigrarem para Moabe em busca de sustento. Lá, Elimeleque morre, assim como seus dois filhos, deixando Noemi e suas noras, Rute e Orfa, viúvas.
Noemi, decidindo retornar a Belém, incentiva Orfa a ficar em Moabe, enquanto Rute, com palavras emocionantes, escolhe acompanhá-la. De volta a Belém, Rute colhe espigas nos campos de Boaz para sustentar Noemi. Boaz, um parente de Elimeleque, se interessa por Rute e a protege enquanto ela trabalha.
Noemi, ciente das leis de redenção, encoraja Rute a abordar Boaz, que é o parente mais próximo disposto a redimir a família de Elimeleque. No desenrolar dos acontecimentos, Boaz assume a responsabilidade de redenção, casando-se com Rute. Dessa união, nasce um filho chamado Obede, que mais tarde se torna o avô do rei Davi.
O livro de Rute é mais do que uma história de amor e redenção; é uma expressão da providência divina que guia os eventos cotidianos. Mostra a importância da lealdade, generosidade e fé em situações desafiadoras. Além disso, Rute, uma moabita, destaca a inclusão e o amor de Deus que transcende fronteiras culturais. O livro encerra-se com a genealogia de Davi, destacando a parte crucial de Rute na linhagem do Rei Davi e, eventualmente, na linhagem de Jesus Cristo.
Esboço para sermão
Queridos irmãos e irmãs em Cristo, hoje, mergulharemos juntos nas páginas inspiradoras do livro de Rute, uma narrativa repleta de emoção, redenção e um lembrete constante da providência divina que permeia nossas vidas diárias. Que o Espírito Santo abra nossos corações e nos conduza neste profundo estudo.
O livro de Rute se desenrola durante tempos desafiadores, em uma época de fome que força Elimeleque e sua família a deixarem Belém. Em meio à escassez, a jornada de Noemi, Rute e Orfa começa. A fome, embora inicialmente vista como uma tragédia, se torna o palco onde a providência de Deus começa a se desdobrar.
As decisões tomadas por Noemi, Rute e Orfa têm implicações profundas. A escolha de Rute de seguir Noemi, mesmo em terras desconhecidas, revela uma lealdade que transcende laços sanguíneos. Que inspiração para nossas próprias escolhas diárias, pois muitas vezes, nas pequenas decisões, Deus tece o tecido de nosso destino.
Nos campos de Boaz, Rute encontra um lugar de bênção e provisão divina. Boaz, um parente redentor, estende sua graça e proteção a Rute, exemplificando o papel de Cristo como nosso redentor. Nos momentos de colheita, lembramos que Deus nos guia até mesmo nos campos cotidianos de nossa existência.
O capítulo 4 nos leva à porta da cidade, um lugar de decisões e estratégias. Boaz, com sabedoria, apresenta a proposta de redenção ao parente mais próximo. No centro de cada decisão, a providência divina se desdobra, guiando-nos através de portas que, à primeira vista, podem parecer apenas terrenas.
O livro de Rute culmina com o nascimento de Obede, avô do rei Davi. O legado de Rute é entrelaçado na linhagem do Messias, Jesus Cristo. Que testemunho incrível da maneira como Deus utiliza vidas comuns para cumprir Seus propósitos extraordinários.
Queridos irmãos e irmãs, à medida que exploramos a jornada de Rute, somos desafiados a refletir sobre nossas próprias escolhas, confiar na providência divina e encontrar significado em meio às dificuldades. Que esta jornada inspire-nos a vivermos com lealdade, coragem e uma fé que transcende as circunstâncias.
Que a graça do Senhor Jesus Cristo, o amor de Deus e a comunhão do Espírito Santo estejam conosco enquanto meditamos na extraordinária história de Rute. Amém.