Onde Jesus estava?
O texto de Lucas 15 não especifica um local exato como uma cidade ou vila, mas indica que Jesus estava em um lugar público, ensinando, e que publicanos e pecadores se aproximavam para ouvi-Lo. A presença também de fariseus e escribas mostra que era um ambiente onde diferentes tipos de pessoas podiam se reunir — provavelmente um espaço comum onde Jesus ensinava frequentemente durante Sua jornada em direção a Jerusalém.
❓ Por que Jesus contou essas três parábolas?
A razão fica clara nos versículos 1 e 2:
“Aproximavam-se de Jesus todos os publicanos e pecadores para o ouvir.
E murmuravam os fariseus e os escribas, dizendo: Este recebe pecadores e come com eles.” (Lucas 15:1-2)
Ou seja:
-
Publicanos e pecadores estavam vindo ouvir Jesus.
-
Fariseus e escribas criticavam Jesus por receber e comer com essas pessoas, consideradas impuras e desprezadas pela sociedade religiosa da época.
📖 As parábolas como resposta
Jesus, então, conta três parábolas em sequência, como resposta direta à murmuração dos fariseus e escribas. Todas tratam da alegria de Deus ao encontrar o perdido:
-
A ovelha perdida – mostra o pastor que deixa 99 para buscar 1.
-
A dracma perdida – mostra uma mulher que busca cuidadosamente até encontrar uma moeda de grande valor.
-
O filho pródigo – mostra o pai que recebe com festa o filho que se arrepende e volta.
🧠 Resumo da intenção de Jesus
Jesus estava mostrando que:
-
Deus busca o pecador.
-
O arrependimento gera festa no céu.
-
O verdadeiro problema está no orgulho religioso dos que, como os fariseus, achavam que não precisavam de arrependimento (simbolizados pelo irmão mais velho da última parábola).
PERSONAGENS E SIGNIFICADOS
1. O Pai
Representa Deus.
Ele é amoroso, misericordioso, generoso e pronto a perdoar.
Não impede o filho rebelde de sair (respeita o livre-arbítrio), mas corre para recebê-lo de volta com compaixão (v. 20).
Seu amor é incondicional, tanto pelo filho perdido quanto pelo que ficou.
2. O Filho Mais Novo (o pródigo)
Representa o pecador arrependido.
Pede a herança antecipadamente, o que no contexto é equivalente a dizer: “Pai, preferia que você estivesse morto” (um ato gravemente desonroso na cultura judaica).
Vai para uma terra distante (v. 13), que simboliza afastamento de Deus, e vive de modo irresponsável.
A fome (v. 14) e o trabalho com porcos (v. 15) indicam degradação máxima — porcos eram animais impuros para judeus.
Ao “cair em si” (v. 17), inicia-se a metanoia (mudança de mente) — passo essencial no arrependimento.
Reconhece sua culpa e indignidade (vv. 18–19) e volta ao pai.
3. O Filho Mais Velho
Representa os fariseus e escribas, críticos de Jesus.
Fica ressentido e se recusa a entrar na festa (v. 28), simbolizando a rejeição da graça e da comunhão com os pecadores salvos.
Seu discurso mostra autorreferência, justiça própria, ressentimento (v. 29).
Embora esteja “em casa”, está distante do coração do pai.
Não entende a graça, deseja mérito e recompensa.
CONTEXTO CULTURAL E SOCIAL
Herança
Segundo a Lei Judaica (Deuteronômio 21:17), o filho mais novo recebia 1/3 da herança.
Herança antecipada era incomum e extremamente ofensiva. O pai poderia vender terras, desmembrando parte do patrimônio familiar.
🔹 Vida dissoluta
O termo grego indica desperdício irresponsável e imoral, sugerindo festas, prostituição (confirmado no v. 30 pelo irmão mais velho).
Ele representa os “pecadores públicos”, como coletores de impostos e prostitutas.
🔹 Cuidar de porcos
Para os judeus, era o fundo do poço moral e espiritual
As “alfarrobas” eram comida de animal, e nem isso ele podia comer (v. 16).
“Também o porco, porque tem unhas fendidas e o casco dividido em dois, mas não rumina, vos será imundo. Da sua carne não comereis, nem tocareis no seu cadáver; estes vos serão imundos.”
Razões principais:
1. Lei de Pureza Cerimonial (Kashrut)
A dieta judaica é baseada nas leis de kashrut, que define o que é kosher (puro) e o que é impuro.
Para que um animal terrestre seja considerado puro, ele precisa ruminar e ter o casco fendido. O porco tem o casco, mas não rumina — por isso, é considerado impuro.
2. Identidade e Separação
Deus deu essas leis para separar o povo de Israel das demais nações, criando um estilo de vida distinto.
A alimentação se tornou símbolo de santidade, obediência e identidade religiosa.
3. Higiene e Saúde (interpretações adicionais)
Embora o foco bíblico seja espiritual, alguns estudiosos apontam que o porco, sendo um animal onívoro e propenso a doenças parasitárias (como a triquinose), reforçaria o cuidado sanitário antigo.
Essa, porém, não é a razão principal do mandamento — que é espiritual, não sanitária.
✡️ Observância Atual:
Judeus ortodoxos e conservadores seguem estritamente a proibição de comer carne de porco.
Judeus seculares ou reformistas podem ter práticas variadas, mas muitos mantêm a tradição como parte de sua identidade cultural.
O anel, a túnica e as sandálias
São símbolos de reintegração plena à família:
Anel: autoridade e filiação.
Túnica: dignidade.
Sandálias: filho livre (escravos andavam descalços).
O novilho cevado
Era reservado para grandes festas, símbolo de comunhão e celebração rara.
Indica que o arrependimento é motivo de festa no céu (como nas parábolas anteriores).
LICÕES TEOLÓGICAS
1. Graça escandalosa
O pai perdoa sem exigir compensação.
Quebra paradigmas de honra e retribuição da cultura judaica.
2. Arrependimento verdadeiro
Envolve reconhecer o pecado, mudar de mente e voltar-se a Deus.
O filho volta humilhado, desejando ser apenas um servo.
3. Deus ama igualmente os que se perderam longe e os que se perderam dentro de casa
A parábola mostra dois tipos de afastamento:
O pródigo se afasta com ações.
O irmão mais velho se afasta com o coração.
4. A salvação não é merecida
O filho pródigo não “ganha” o retorno — é aceito pela misericórdia do pai.
5. A salvação é motivo de festa
O céu se alegra com cada pecador que se arrepende (ver vv. 7 e 10).
CONCLUSÃO
A parábola nos convida a:
Nos identificarmos com o filho pródigo e voltar ao Pai sem medo.
Evitarmos o coração orgulhoso e amargurado do irmão mais velho.
Admirarmos o caráter do Pai, que acolhe, perdoa e celebra a volta dos Seus filhos.
PREGAÇÃO - "O AMOR DO PAI QUE RESTAURA"
Objetivo:
Mostrar que o amor de Deus é restaurador, paciente e abundante em graça para os que se arrependem.
1. Saudação e Leitura Bíblica
Amados irmãos, a paz do Senhor!
Convido a todos a abrirem suas Bíblias em Lucas 15:11–32.
[Leitura do texto com voz calma, clara e reverente. Pausar nos pontos-chave.]
2. Introdução
[Entonação suave, envolvente]
Esta é uma das mais emocionantes parábolas de Jesus. Ela fala sobre perda, arrependimento e reencontro.
[Gestos: mãos abertas ao falar de reencontro; caminhar um pouco à frente no púlpito ao mencionar o arrependimento.]
Jesus está ensinando aos fariseus e escribas o valor de cada pecador que se arrepende. Esta história é sobre um pai, dois filhos e uma graça escandalosa.
3. Estrutura Expositiva
I – O Filho Mais Novo: Rebeldia e Queda (vv. 11–16)
[Entonação firme e envolvida; expressão facial triste]
“Pai, dá-me a parte dos bens que me cabe…”
Aqui está o grito da autonomia do pecado. Ele não quer o pai. Quer os bens.
[Gestos: mão simulando rejeição; caminhar devagar à esquerda.]
Ao pedir a herança, ele está dizendo: “Pai, prefiro que você esteja morto.” [pausa dramática]
Ele vai para longe, para uma terra distante…
[Gesto de afastamento, olhar para o horizonte]
…mas quem se afasta da casa do Pai sempre cai em miséria.
[PNL: Olhe fixamente para a congregação]
“Você já esteve em uma terra distante? Ou está lá agora?”
II – O Arrependimento e a Decisão de Voltar (vv. 17–20)
[Entonação de esperança crescente, caminhar de volta para o centro]
“Caindo em si…”
É aqui que o Espírito Santo age. A consciência desperta. O coração sente falta da casa do Pai.
[Gestos: mão no peito, tom confessional]
Ele ensaia seu pedido de perdão. Mas o mais belo é o que vem a seguir…
[Entonação forte, braços abertos]
“Levantou-se e foi.”
Essa é a verdadeira fé: confissão + ação.
III – O Pai que Corre e Abraça (vv. 20–24)
[Entonação emocionada, caminhar rapidamente à frente simulando o pai]
Enquanto o filho ainda estava longe… o pai o viu… e CORREU!
[Gestos: braços abertos, sorriso, olhar comovido]
[PNL: toque o próprio coração com a mão]
Isso é o que Deus faz com todo pecador que se volta para Ele.
[Entonação vibrante]
Abraça, beija, troca suas vestes, coloca sandália nos pés e anel no dedo.
[Gestos: erguer a Bíblia]
Isso é restauração completa. Ele não trata o filho como servo. Trata como filho amado!
IV – O Filho Mais Velho: A Amargura do Legalismo (vv. 25–30)
[Entonação firme, crítica, tom de exortação]
Mas o filho mais velho se recusa a entrar.
Ele obedeceu, mas não ama. Está distante do coração do pai, mesmo morando na mesma casa.
[PNL: olhar fixamente nos olhos dos ouvintes]
Quantos estão dentro da igreja, mas com o coração longe do Pai?
[Gestos: mãos cerradas ao falar de mágoa; depois abertas, chamando à reflexão.]
V – O Apelo do Pai (vv. 31–32)
[Entonação serena e compassiva]
“Filho, tudo o que é meu é teu…”
O pai convida o filho a entrar na festa. A graça de Deus é estendida a todos — até aos fariseus que murmuravam.
4. Aplicação Prática
[Entonação mais pastoral, suave e acolhedora]
Você é o filho mais novo? Deus o espera de braços abertos.
Você é o filho mais velho? Deus quer curar sua amargura e levá-lo à festa.
Você é o pai? Imite o Pai celestial — ame, perdoe, abrace.
5. Conclusão
[Entonação vibrante e esperançosa]
Esta parábola não é só sobre um filho perdido. É sobre um Deus amoroso que se importa com os perdidos e os espera com o coração ardente.
[Gestos: braços abertos, olhar para o alto]
“De longe… o viu… e correu.”
6. Oração Final
Senhor, obrigado por Tua graça restauradora.
Perdoa nossa rebeldia e cura nossa religiosidade seca.
Dá-nos o coração do Pai.
Em nome de Jesus. Amém!
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