8. Ou qual é a mulher que, tendo dez dracmas, se perder uma, não acende a candeia, varre a casa e a procura diligentemente até encontrá-la?
9. E, tendo-a achado, reúne as amigas e vizinhas, dizendo: Alegrai-vos comigo, porque achei a dracma que eu tinha perdido.
10. Eu vos afirmo que, de igual modo, há júbilo diante dos anjos de Deus por um pecador que se arrepende.
O texto de Lucas 15 não especifica um local exato como uma cidade ou vila, mas indica que Jesus estava em um lugar público, ensinando, e que publicanos e pecadores se aproximavam para ouvi-Lo. A presença também de fariseus e escribas mostra que era um ambiente onde diferentes tipos de pessoas podiam se reunir — provavelmente um espaço comum onde Jesus ensinava frequentemente durante Sua jornada em direção a Jerusalém.
Jesus estava mostrando que:
Deus busca o pecador.
O arrependimento gera festa no céu.
O verdadeiro problema está no orgulho religioso dos que, como os fariseus, achavam que não precisavam de arrependimento (simbolizados pelo irmão mais velho da última parábola).
Essas parábolas são uma defesa e uma ilustração do coração gracioso de Deus e da missão de Jesus de buscar e salvar o que se havia perdido (cf. Lucas 19:10).
Jesus está respondendo à crítica dos fariseus e escribas (v. 2), que o acusam de “receber pecadores e comer com eles”. As três parábolas em sequência (ovelha, dracma e filho pródigo) revelam a alegria divina pelo arrependimento e restauração do perdido.
“Ou qual é a mulher que, tendo dez dracmas, se perder uma…”
Dracma (δραχμή): moeda grega de prata, aproximadamente equivalente a um denário romano, ou seja, o salário de um dia de trabalho.
Dez dracmas: sugerem um conjunto completo. O número dez é simbólico de plenitude.
“não acende a candeia, varre a casa e a procura diligentemente até encontrá-la?”
As casas da Palestina, na época, tinham pouca iluminação natural; era comum acender lamparinas mesmo durante o dia.
O piso era de terra batida ou pedras, por isso era necessário varrer para encontrar um objeto pequeno como uma moeda.
A mulher faz uma busca meticulosa e perseverante — imagem clara de Deus procurando o pecador perdido.
“E, tendo-a achado, reúne as amigas e vizinhas, dizendo: Alegrai-vos comigo, porque achei a dracma que eu tinha perdido.”
A alegria comunitária reforça o valor da moeda e a emoção da recuperação.
O convite para celebrar é paralelo ao pastor que chama amigos por causa da ovelha achada (v. 6).
“Eu vos afirmo que, de igual modo, há júbilo diante dos anjos de Deus por um pecador que se arrepende.”
Jesus explica a parábola: a dracma perdida representa o pecador, e a busca simboliza a ação divina.
O céu inteiro se alegra quando um pecador retorna. Deus não é indiferente à salvação individual.
A dracma não era apenas uma moeda qualquer. Em muitos contextos judaicos e orientais, dez moedas podiam compor um enfeite de cabeça (diadema) usado por mulheres solteiras ou recém-casadas, como parte de seu dote ou adorno nupcial.
Perder uma dracma desse conjunto tinha peso emocional, simbólico e até social:
Era como perder parte do emblema de sua dignidade, honra e futuro.
Em casos de casamento arranjado, esse ornamento simbolizava compromisso, beleza e valor.
O texto não afirma explicitamente o estado civil da mulher.
No entanto, muitos estudiosos sugerem que ela pode ter sido solteira ou recém-casada, pois:
O uso de moedas como diadema era comum entre moças solteiras.
A intensidade da busca sugere um valor pessoal, não apenas financeiro.
A mulher não menciona marido ou filhos, mas amigas e vizinhas.
Conclusão: Embora não possamos afirmar com certeza, é bastante plausível, com base no pano de fundo cultural, que Jesus descreve uma mulher jovem, provavelmente solteira, cuja perda foi profundamente sentida por razões emocionais e simbólicas.
A moeda estava perdida, mas ainda era valiosa — como o pecador diante de Deus: perdido, mas amado.
A moeda não se encontra sozinha — alguém (Deus) precisa procurá-la. Isso revela a iniciativa divina na salvação.
Deus se alegra com o retorno de cada pecador — cada alma tem valor único para o Pai.
Jesus mostra que Deus age como uma mulher cuidadosa e amorosa, rompendo inclusive com os estereótipos masculinos exclusivos da divindade — um detalhe revolucionário no contexto judaico.
Elemento | Significado |
---|---|
Mulher | Deus agindo com zelo e cuidado |
Dracma | O pecador perdido, mas ainda precioso |
Busca diligente | A ação incansável de Deus para nos encontrar |
Alegria com amigas | Festa no céu pela salvação de um pecador |
10 moedas | Completo; o que é precioso ao coração |
Uma moeda perdida | Deus se importa com cada um, não apenas com o todo |
Lucas 15:8–10
Amados irmãos e irmãs, graça e paz vos sejam multiplicadas. Nesta noite, contemplaremos uma das parábolas que compõem o tríptico da graça no capítulo 15 de Lucas: a parábola da dracma perdida.
Jesus conta essa história para explicar por que Ele acolhe pecadores e come com eles. Os fariseus murmuravam, mas Cristo revela que há festa no céu por um só pecador que se arrepende. Que grande contraste entre a frieza dos religiosos e o calor do amor divino!
Jesus está rodeado por publicanos e pecadores, e os fariseus criticam Sua atitude. Em resposta, Ele conta três parábolas: a ovelha perdida, a dracma perdida e o filho pródigo. Todas têm o mesmo tema central: algo precioso se perde, é buscado com diligência e, quando encontrado, há grande alegria.
Na parábola da dracma, temos uma mulher que perde uma moeda — uma dracma, equivalente ao salário de um dia de trabalho. Mas o valor vai além do monetário: possivelmente essas moedas faziam parte de seu dote de casamento. Perder uma delas era motivo de grande angústia.
“Ou qual a mulher que, tendo dez dracmas, se perder uma dracma…”
A dracma representa um pecador perdido.
Embora fosse apenas uma das dez, ela era insubstituível para aquela mulher.
Assim Deus vê cada um de nós: único, precioso, insubstituível.
O pecador não deixa de ter valor só porque está perdido.
O amor de Deus atribui valor não ao estado atual, mas ao que Ele pode restaurar.
Aplicação: Jamais devemos desprezar alguém por estar afastado. Deus o ama e quer restaurá-lo.
“…não acende a candeia, varre a casa e procura diligentemente até encontrá-la?”
A mulher acende a candeia: clareia o ambiente (símbolo da Palavra de Deus).
Varre a casa: remove o que impede a visão (símbolo da santificação e ação prática da igreja).
Procura diligentemente: insiste, não desiste.
Esta é a imagem do cuidado pastoral, do amor evangelístico e do Espírito Santo atuando com zelo e perseverança.
Aplicação: Devemos ser participantes dessa busca — com oração, ação, discipulado e compaixão.
“… e achando-a, convoca as amigas e vizinhas, dizendo: Alegrai-vos comigo, porque achei a dracma que eu tinha perdido.”
A busca termina em festa!
Jesus afirma: “Assim vos digo que há alegria diante dos anjos de Deus por um pecador que se arrepende.”
O céu se move em festa por um coração quebrantado.
Aplicação: A igreja deve refletir essa alegria. Devemos nos alegrar com o arrependimento e restauração, e não com aparência ou performance.
Essa parábola nos confronta com duas grandes verdades:
O amor de Deus por cada perdido é profundo e pessoal.
A igreja é chamada a refletir esse amor, buscando com diligência e celebrando com alegria cada conversão.
Se você está perdido, saiba que há uma luz acesa, uma vassoura movendo o pó, um Deus te buscando com amor.
Se você é da igreja, seja instrumento dessa busca: acenda a candeia da Palavra, varra os entulhos da indiferença, e procure com diligência os que se perderam.
A graça é incansável. A misericórdia é prática. A salvação é uma festa!
Senhor Deus, que maravilhosa é Tua graça! Ajuda-nos a enxergar o valor daqueles que se perderam, a buscar com compaixão e a nos alegrar com a Tua obra de salvação. Que sejamos igreja viva, luz acesa e mãos estendidas. Em nome de Jesus. Amém.