“Disse Jesus também aos discípulos: Havia um homem rico que tinha um administrador, e este foi acusado perante ele de estar dissipando os seus bens.”
“Disse… aos discípulos”: O ensino agora se dirige especificamente aos discípulos (embora os fariseus ouçam, v.14). Isso indica que o foco é instrução prática para a vida cristã.
“Administrador” (οἰκονόμος): refere-se a um mordomo ou gerente doméstico — alguém responsável pelos bens do senhor, com liberdade para agir em seu nome.
“Dissipando” (διασκορπίζων): o mesmo verbo usado para o filho pródigo (Lc 15:13). Indica má administração, esbanjamento.
“Então, mandando chamá-lo, lhe disse: Que é isto que ouço a teu respeito? Presta contas da tua administração, porque já não podes mais continuar nela.”
O senhor exige prestação de contas — uma imagem clara do juízo final. Cada pessoa terá que responder por sua administração.
A sentença é definitiva: “já não podes continuar nela”. O administrador sabe que perderá seu cargo, o que prepara o cenário para a sua astúcia.
“Disse o administrador consigo mesmo: Que farei, pois o meu senhor me tira a administração? Trabalhar na terra, não posso; também de mendigar, tenho vergonha.”
Ele reflete realisticamente sobre suas limitações físicas e sociais.
A estrutura lembra o filho pródigo (“caindo em si”): introspecção seguida de ação.
Reconhece que precisa agir enquanto ainda tem alguma influência.
“Já sei o que farei, para que, quando for demitido da administração, me recebam em suas casas.”
Aqui o plano é elaborado: garantir amigos futuros.
A frase “me recebam em suas casas” antecipa o ensino de Jesus em Lc 16:9 — usar os recursos atuais para investir no porvir.
(Resumo) O administrador reduz a dívida de dois devedores: de 100 cados de azeite para 50, e de 100 coros de trigo para 80.
Reduções significativas (50% e 20%).
Duas interpretações são comuns:
Ele estava renunciando sua comissão pessoal (comum nos contratos antigos), agindo legalmente, mas de forma sagaz.
Ele estava reduzindo arbitrariamente a dívida para ganhar favores futuros — nesse caso, é desonesto, mas esperto.
Seja como for, a atitude é estrategicamente eficaz.
“E louvou o senhor o administrador infiel, porque se houvera atiladamente; porque os filhos do mundo são mais hábeis na sua própria geração do que os filhos da luz.”
O senhor (da parábola), não Jesus, elogia a esperteza, não a moralidade.
Jesus aplica a lição: os incrédulos são mais estratégicos com os recursos temporais do que os crentes com os espirituais.
“Filhos da luz” (crentes) devem agir com sabedoria e visão eterna.
“E eu vos recomendo: das riquezas de origem iníqua fazei amigos, para que, quando aquelas vos faltarem, esses amigos vos recebam nos tabernáculos eternos.”
Jesus aplica a parábola: usar os bens terrenos (mesmo que iníquos em sua origem ou natureza corruptível) para fins eternos.
“Fazei amigos” = ajudem os necessitados, invistam no Reino.
“Tabernáculos eternos” = salvação, recompensa eterna, talvez aludindo ao lar celestial.
Não é salvação por obras, mas fruto da mordomia fiel.
“Quem é fiel no pouco também é fiel no muito; e quem é injusto no pouco também é injusto no muito.”
Princípio universal de fidelidade.
O pouco refere-se a coisas materiais; o muito, às riquezas espirituais e eternas.
“Se, pois, não vos tornastes fiéis na aplicação das riquezas de origem iníqua, quem vos confiará a verdadeira riqueza?”
Riquezas de origem iníqua: dinheiro terreno, manchado pelo sistema caído.
Verdadeira riqueza: tesouros celestiais, responsabilidades eternas.
Aponta para a fidelidade como teste de confiança.
“Se não vos tornastes fiéis na aplicação do alheio, quem vos dará o que é vosso?”
“O alheio” = bens terrenos, que pertencem, em última instância, a Deus.
“O que é vosso” = recompensa futura, herança eterna.
“Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há de aborrecer-se de um e amar ao outro, ou se devotará a um e desprezará ao outro. Não podeis servir a Deus e às riquezas.”
Servir (δουλεύειν): escravidão total; não é possível dividir a lealdade.
“Riquezas” (μαμωνᾶς — Mamom): personificação do dinheiro como um senhor rival a Deus.
Jesus conclui com uma advertência radical: o coração só pode pertencer a um Senhor.
A parábola não aprova a desonestidade, mas exalta a prudência em vista do futuro.
Encoraja os cristãos a serem mordomos sábios com o que Deus lhes confiou.
Reforça que a fidelidade nas finanças é sinal da fidelidade no Reino.
Conclui com um chamado à lealdade exclusiva a Deus.
“Porque os filhos deste mundo são mais prudentes na sua geração do que os filhos da luz.” (Lucas 16:8b)
Amados irmãos, Jesus nos conta uma parábola surpreendente. Um administrador desonesto é elogiado… sim, elogiado! Mas antes que isso escandalize nossa teologia, paremos e escutemos o Mestre.
Cristo não está elogiando a desonestidade, mas a esperteza. Ele está dizendo algo dramático: os filhos deste mundo são mais sagazes em promover suas causas do que os filhos da luz em promover o Reino de Deus.
Nos dias de hoje, vemos incrédulos trabalhando incansavelmente por fama, lucro, ideologias. São criativos, estratégicos, rápidos. Enquanto isso, muitos crentes… dormem. Lentidão, indecisão, apatia.
Hoje, com a ajuda do Espírito, vamos confrontar a inércia espiritual dos justos e aprender com a esperteza do pecador.
“Um homem rico tinha um administrador, e este foi acusado de estar dissipando os seus bens.”
Esse homem é pego em corrupção. O dono não o prende, mas exige que preste contas. Ele tem pouco tempo para agir.
🔎 Aplicação:
Todos nós um dia prestaremos contas a Deus (2Co 5:10). Nossa vida é uma administração: do tempo, dos dons, do evangelho, da família, das finanças.
Você tem consciência de que o Dono da casa virá exigir relatórios?
“O que farei? Cavar, não posso; mendigar, tenho vergonha… Já sei!”
O administrador usa seu último tempo no cargo para garantir um futuro. Ele reduz as dívidas de outros, criando aliados para os dias difíceis.
Jesus não está dizendo que isso foi moralmente certo. Ele está dizendo: esse homem pensou rápido, foi criativo, e agiu com urgência.
📌 Ele pensou no futuro, agiu com visão e usou bem o pouco tempo que tinha.
🔎 Aplicação:
E nós, filhos da luz? Temos a eternidade diante de nós… mas muitas vezes vivemos como se só existisse o agora.
Quantos desperdiçam talentos, anos, oportunidades para o Reino?
“E o senhor elogiou o administrador desonesto, porque agiu prudentemente…”
Cristo não aprova o pecado, mas a inteligência aplicada a uma causa.
E Ele lamenta: os pecadores fazem mais pelo mundo do que os santos fazem pelo Céu!
Eles se unem, se dedicam, sacrificam tudo por dinheiro, fama, ideologias.
E nós? Temos a verdade, temos a eternidade, temos o Espírito Santo… e muitas vezes cruzamos os braços.
🔎 Aplicação:
Você vê as estratégias de marketing das empresas? E a sua evangelização?
Vê a disciplina de atletas? E a sua oração?
Vê a ousadia de ideologias? E o seu silêncio diante do pecado?
É hora de despertar!
“Usai as riquezas da injustiça para fazer amigos, para que, quando acabarem, vos recebam nos tabernáculos eternos.”
Jesus não quer que usemos a vida como o mundo usa — mas que tenhamos a mesma urgência, estratégia e ousadia, só que para um propósito eterno.
Use seu tempo, sua influência, seus recursos para ganhar almas, para amar, para servir.
O céu aguarda. Mas muitos ainda dormem.
Jesus confronta nossos hábitos mornos. Ele nos sacode:
“Olhem os filhos do mundo! Correndo atrás do que passa!
E vocês, filhos da luz, se arrastando atrás do que é eterno!”
A inércia dos justos é uma vergonha diante da esperteza do ímpio.
Mas ainda há tempo. O Dono ainda não voltou.
A porta da graça ainda está aberta.
E você ainda pode usar sua vida para algo que ecoe na eternidade.
Desperta, ó tu que dormes!
Não deixemos o mundo ser mais ousado em sua perdição do que nós em nossa salvação.
Levanta, servo bom e fiel!
Administra bem o que o Senhor te deu.
Pense no futuro — o eterno — e viva com inteligência espiritual!
Situação de Tentação | Servo Fiel | Servo Infiel |
---|---|---|
🧾 Administrar dinheiro e bens materiais | Usa com sabedoria, generosidade e temor a Deus (Pv 3:9-10) | Gasta com egoísmo ou desonestidade; negligencia os necessitados |
🕒 Uso do tempo | Prioriza a oração, leitura da Palavra e serviço ao Reino | Vive para si mesmo, procrastina o que é eterno |
🎓 Recebimento de conhecimento ou dons | Usa para edificar os outros e glorificar a Deus (1Pe 4:10) | Enterra o talento, usa para vanglória ou interesse próprio |
🧑🤝🧑 Relacionamentos e influência | Promove reconciliação, testemunha de Cristo (Mt 5:9,16) | Manipula, busca vantagem pessoal ou abandona os irmãos |
😡 Diante de uma ofensa ou injustiça | Reage com graça, perdão e mansidão (Rm 12:19-21) | Alimenta o rancor, revida ou se vinga |
💼 No ambiente de trabalho/ministério | Trabalha com excelência e honestidade como para o Senhor (Cl 3:23) | Engana, finge, falta com compromisso |
🤫 Quando ninguém está olhando | Mantém integridade, lembrando que Deus vê (Pv 15:3) | Age de forma contrária à fé, aproveita-se da ocultação |
💬 Diante de fofoca ou maledicência | Foge da conversa, protege a reputação alheia (Pv 20:19) | Participa, aumenta, espalha mentiras |
💔 Na crise ou perda | Confia em Deus e busca direção (Sl 46:1-2) | Se desespera, abandona a fé ou culpa a Deus |
📈 Ao alcançar sucesso ou reconhecimento | Dá glória a Deus, permanece humilde (Lc 17:10) | Se exalta, esquece de quem o sustentou |