Capítulo 18 – A Prisão de Jesus
A noite era fria e escura. Meu coração pulsava com a certeza do que estava por vir. A traição se aproximava, os passos dos soldados já ecoavam pelo jardim.
Jesus no Getsêmani e a Traição de Judas (João 18:1-11)
Após falar com Meus discípulos, saímos e atravessamos o ribeiro de Cedrom. À nossa frente, um jardim. O Getsêmani. Um lugar de oração, de entrega. Ali Eu Me recolhia para falar com o Pai.
Mas naquela noite, a oração deu lugar à traição.
Judas, aquele que esteve ao Meu lado, que comeu do Meu pão e ouviu Meus ensinos, agora vinha à frente de uma multidão armada de espadas e tochas. Os soldados do sumo sacerdote o seguiam.
Ele Me conhecia bem, e por isso veio com um sinal.
Então, antes que qualquer um falasse, perguntei-lhes:
“A quem buscais?”
Responderam:
“A Jesus de Nazaré.”
Então, olhei para eles e disse:
“Sou Eu.”
Ao ouvir essas palavras, recuaram e caíram por terra. Minha voz os fez estremecer.
Perguntei de novo:
“A quem buscais?”
Responderam mais uma vez:
“A Jesus de Nazaré.”
Então, lhes disse:
“Já vos disse que Sou Eu; se é a Mim que buscais, deixai ir estes.”
Eu sabia que deveria proteger Meus discípulos. Nenhum deles se perderia.
Mas Simão Pedro, impulsivo como sempre, sacou sua espada e feriu Malco, servo do sumo sacerdote, cortando-lhe a orelha direita.
Então, olhei para ele e ordenei:
“Guarda a tua espada na bainha; não beberei Eu o cálice que o Pai Me deu?”
O tempo da luta havia terminado. Era chegada a hora da submissão à vontade do Pai.
Jesus diante do Sumo Sacerdote (João 18:12-27)
Os soldados Me prenderam e Me levaram, primeiro, até Anás, sogro de Caifás, o sumo sacerdote daquele ano.
Caifás já havia declarado que era melhor que um homem morresse pelo povo. Ele não sabia, mas falava mais do que entendia.
Pedro e outro discípulo Me seguiram de longe.
Dentro do pátio, Pedro se aproximou do fogo para se aquecer. Então, uma criada olhou para ele e perguntou:
“Não és tu também um dos discípulos deste homem?”
Pedro, temendo, respondeu:
“Não sou.”
Fui interrogado por Anás sobre Meus ensinos. Respondi:
“Eu falei abertamente ao mundo. Sempre ensinei nas sinagogas e no templo, onde os judeus se reúnem; nada falei em oculto.”
“Por que Me perguntas? Pergunta aos que ouviram o que lhes falei; eles sabem o que Eu disse.”
Ao ouvir isso, um dos guardas Me bateu no rosto e disse:
“Assim respondes ao sumo sacerdote?”
Olhei para ele e respondi:
“Se falei mal, dá testemunho do mal; mas, se falei bem, por que Me feres?”
Depois disso, levaram-Me a Caifás.
Enquanto isso, Pedro permanecia no pátio. Mais alguém lhe perguntou:
“Não és tu um dos discípulos dEle?”
Pedro negou de novo.
Pouco depois, um servo do sumo sacerdote, parente de Malco, olhou para ele e disse:
“Eu não te vi com Ele no jardim?”
Pedro então negou pela terceira vez.
E, no mesmo instante, o galo cantou.
Jesus diante de Pilatos (João 18:28-40)
De manhã cedo, levaram-Me ao pretório, mas os judeus não entraram para não se contaminarem antes da Páscoa.
Então, Pilatos saiu e perguntou:
“Que acusação trazeis contra este homem?”
Eles responderam:
“Se Ele não fosse malfeitor, não to entregaríamos.”
Pilatos, sem encontrar crime algum em Mim, disse:
“Tomai-O vós e julgai-O segundo a vossa lei.”
Mas os judeus replicaram:
“A nós não nos é lícito matar ninguém.”
Então, Pilatos voltou-se para Mim e perguntou:
“Tu és o rei dos judeus?”
Olhei para ele e respondi:
“Tu dizes isso de ti mesmo, ou outros te disseram isso de Mim?”
Pilatos, intrigado, respondeu:
“Acaso sou judeu? A tua própria nação e os principais sacerdotes Te entregaram a Mim. O que fizeste?”
Então, declarei:
“O Meu reino não é deste mundo. Se fosse, os Meus servos pelejariam para que Eu não fosse entregue aos judeus; mas agora o Meu reino não é daqui.”
Pilatos insistiu:
“Logo, Tu és rei?”
Respondi:
“Tu dizes que sou rei. Para isso nasci e para isso vim ao mundo, a fim de dar testemunho da verdade. Todo aquele que é da verdade ouve a Minha voz.”
Pilatos então perguntou:
“Que é a verdade?”
E, sem esperar uma resposta, saiu e disse aos judeus:
“Não acho nEle crime algum. Mas vós tendes o costume de que Eu vos solte alguém pela Páscoa. Quereis, pois, que vos solte o Rei dos Judeus?”
Então, gritaram:
“Não este, mas Barrabás!”
E assim, escolheram um ladrão em Meu lugar.
Questões para Reflexão e Aplicação
- Jesus se entregou voluntariamente. Como isso demonstra Seu amor por nós?
- Pedro negou Jesus três vezes. De que maneira podemos nos fortalecer para não negarmos nossa fé diante das pressões do mundo?
- Pilatos perguntou: “O que é a verdade?” Como você pode aplicar a resposta de Jesus sobre a verdade em sua vida?
- Os judeus preferiram soltar Barrabás e condenar Jesus. Como isso reflete a tendência humana de rejeitar a salvação em favor do pecado?
- Jesus declarou que Seu reino não é deste mundo. Como essa verdade influencia a forma como você vive e enxerga as dificuldades da vida?