logo_banner2-1-1024x287 Discípulo ou Fariseu - Capítulo 2
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Discipulo ou Fariseu?

“Quem sou eu”

O confronto entre Jesus e os fariseus nos evangelhos não é apenas uma questão histórica. Suas críticas a esse grupo revelam atitudes e comportamentos que podem estar presentes em qualquer época, incluindo em nós. Por isso, refletir sobre quem somos no cenário atual — discípulos ou fariseus — é essencial para vivermos o cristianismo autêntico.

 

 

discipulo_fariseu Discípulo ou Fariseu - Capítulo 2

Quem eram os FARISEUS?

Os fariseus eram uma das principais seitas religiosas do judaísmo no tempo de Jesus, conhecidos por seu rigor na observância da Lei de Moisés e por manterem tradições orais que, com o tempo, ganharam peso semelhante ao das Escrituras. A palavra “fariseu” vem do hebraico perushim, que significa “separados” — um grupo que buscava se distinguir dos demais judeus por sua santidade e fidelidade às leis religiosas.

Mas apesar de sua aparência piedosa, Jesus desmascara seu coração. Eles eram mestres da forma, mas ignoravam a essência. Conheciam as Escrituras, mas não reconheciam o Messias. Eram zelosos na letra da lei, mas distantes do espírito dela.

O Senhor Jesus, em várias ocasiões, denunciou seus erros com autoridade e compaixão, sempre chamando ao arrependimento. Em Mateus capítulo 23, encontramos o mais longo e contundente discurso de Jesus contra os fariseus, conhecido como os “Ai de vós”.


Características dos fariseus segundo Jesus:

1. Hipocrisia — Religiosidade exterior sem transformação interior

Jesus os acusou de manterem uma fé superficial, preocupados com aparências, mas com o coração distante de Deus:

“Este povo honra-me com os lábios, mas o seu coração está longe de mim. Mas em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos de homens.” Mateus 15:8-9

Eles limpavam o exterior do copo, mas deixavam o interior cheio de rapina:

“Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! porque limpais o exterior do copo e do prato, mas por dentro estão cheios de rapina e de intemperança.” Mateus 23:25

2. Legalismo e opressão — Fardos pesados sem misericórdia

Os fariseus impunham um jugo religioso sobre o povo, criando regras complexas e pesadas, sem oferecer alívio ou compaixão:

“Pois atam fardos pesados e difíceis de suportar e os põem sobre os ombros dos homens; eles, porém, nem com o dedo querem movê-los.” Mateus 23:4

Esse comportamento contradizia o coração da Lei, que exigia amor ao próximo e misericórdia. Jesus, ao contrário, convidava os cansados a tomarem Seu jugo leve:

“Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração; e encontrareis descanso para as vossas almas.”
Mateus 11:28-29

3. Orgulho espiritual — Vaidade e busca por reconhecimento humano

Os fariseus buscavam status religioso. Seu culto não era a Deus, mas à sua própria imagem. Jesus os expôs:

“E fazem todas as obras a fim de serem vistos pelos homens… Gostam do primeiro lugar nos banquetes e das cadeiras mais importantes nas sinagogas, das saudações nas praças e de serem chamados Rabi pelos homens.” Mateus 23:5-7

Essa sede por elogios humanos revelava a corrupção de seus corações. Era um culto ao ego, não a Deus. Como alertou o apóstolo Paulo:

“Tendo aparência de piedade, mas negando-lhe o poder. Afasta-te também destes.” 2 Timóteo 3:5

4. Rejeição do arrependimento — Fechavam o Reino aos outros e a si mesmos

Jesus declarou que os fariseus não apenas rejeitavam a verdade, como também impediam que outros a recebessem:

“Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! Porque fechais aos homens o Reino dos céus; pois vós mesmos não entrais, nem deixais entrar os que estão entrando.” Mateus 23:13

Conclusão

Jesus não condenou os fariseus por conhecerem a Lei — mas por a conhecerem sem amor. Ele deseja de nós não apenas um comportamento religioso, mas corações rendidos. Em tempos como os nossos, a pergunta de Jesus ecoa novamente:

“Por que me chamais Senhor, Senhor, e não fazeis o que eu vos mando?”
Lucas 6:46

Se formos apenas religiosos, mas indiferentes à dor do próximo, seremos como os fariseus que Jesus confrontou. Mas se formos discípulos, seremos como Ele: cheios de graça e verdade.

Quem eram os Discípulos?

Quem eram os discípulos quando foram encontrados por Jesus?

Os discípulos não foram escolhidos por serem perfeitos, santos ou prontos. Eram homens comuns, com falhas evidentes. Eram homens improváveis aos olhos humanos. Jesus os chamou como estavam, mas jamais os deixou como estavam.

1. Pescadores, cobradores de impostos, zelotes — homens comuns

Jesus não recrutou mestres da Lei ou autoridades religiosas. Escolheu trabalhadores comuns:

“E, passando por ali, viu Simão e André, seu irmão, que lançavam a rede ao mar, pois eram pescadores. E disse-lhes: Vinde após mim, e eu vos farei pescadores de homens.”
Marcos 1:16-17

Chamou também Levi (Mateus), um cobrador de impostos, visto como traidor e impuro pelos judeus:

“E, passando por ali, viu Levi, filho de Alfeu, sentado na coletoria, e disse-lhe: Segue-me. Ele se levantou e o seguiu.”
Marcos 2:14

Jesus uniu, inclusive, pessoas de lados opostos: Mateus, que servia Roma, e Simão, o zelote, que queria derrubá-la.


Características dos discípulos antes da ressurreição

1. Inseguros e temerosos

Mesmo tendo presenciado milagres, demonstravam medo, dúvidas e falta de fé:

“Por que sois tímidos, homens de pequena fé?” Mateus 8:26

Durante a tempestade, esqueceram quem estava com eles no barco.

2. Egoístas e competitivos

Disputavam entre si quem seria o maior no Reino:

“Então surgiu entre eles uma discussão sobre qual deles seria o maior.”
Lucas 22:24

3. Incompreensivos

Mesmo após tanto tempo com Jesus, não compreendiam seu propósito:

“Desde então Jesus começou a mostrar a seus discípulos que era necessário ir a Jerusalém… Mas Pedro, tomando-o de lado, começou a repreendê-lo.” Mateus 16:21-22

4. Medrosos e traidores

Na crucificação, todos fugiram. Pedro, o mais audacioso, o negou três vezes:

“Antes que o galo cante, três vezes me negarás.” Mateus 26:34


Quem os discípulos se tornaram após a ressurreição?

A ressurreição foi o ponto de virada. O medo se transformou em coragem. A dúvida virou fé inabalável. O egoísmo deu lugar ao serviço e ao amor.

“E, estando eles reunidos, Jesus apareceu no meio deles e disse: Paz seja convosco.” João 20:19

1. Homens cheios do Espírito Santo

No Pentecostes, foram revestidos de poder:

“Todos ficaram cheios do Espírito Santo e passaram a falar em outras línguas, conforme o Espírito lhes concedia que falassem.” Atos 2:4

2. Pregadores ousados

Pedro, que antes negara, agora prega com coragem:

“A este Jesus, Deus ressuscitou, do que todos nós somos testemunhas.” Atos 2:32

Três mil pessoas se converteram.

3. Mártires fiéis

A maioria morreu por causa de sua fé. Não fugiram mais. Foram até o fim com coragem e fidelidade.

“E chamando os apóstolos, açoitaram-nos e mandaram que não falassem no nome de Jesus; e os deixaram ir. E eles se retiraram… regozijando-se de terem sido considerados dignos de sofrer afrontas por esse Nome.” Atos 5:40-41

O Discípulo ideal, segundo Jesus

Jesus formou discípulos que fossem:

  • Transformados interiormente: não apenas religiosos, mas regenerados.

  • Obedientes à Sua Palavra: “Se me amais, guardareis os meus mandamentos” (João 14:15).

  • Servos humildes: “Quem quiser ser o maior entre vós, seja vosso servo” (Mateus 23:11).

  • Comprometidos com a missão: “Ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda criatura” (Marcos 16:15).

  • Dispostos a sofrer por amor a Cristo: “Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me” (Lucas 9:23). 

Discípulos: De onde vieram, quem se tornaram e como morreram
Nome do Discípulo Profissão e Característica Inicial Transformação por Jesus Como Morreu
Pedro (Simão) Pescador, impulsivo, negou Jesus. Líder da Igreja, pregador ousado, escreveu epístolas. Crucificado de cabeça para baixo em Roma.
João Pescador, ambicioso, explosivo. Tornou-se o discípulo do amor, escreveu Evangelho e Apocalipse. Morreu de velhice, exilado em Patmos.
Tiago (irmão de João) Pescador, buscava posição com o irmão. Primeiro mártir entre os apóstolos. Mortos à espada por Herodes (Atos 12:2).
André Pescador, irmão de Pedro, discreto. Evangelizador fiel, levou pessoas a Jesus. Crucificado em forma de X na Grécia.
Filipe Racional e questionador. Guiado pelo Espírito, evangelizou na Samaria. Crucificado de cabeça para baixo em Hierápolis.
Bartolomeu (Natanael) Estudioso, cético inicialmente. Missionário fiel até a morte. Esfolado vivo e decapitado na Armênia.
Mateus (Levi) Cobrador de impostos, rejeitado socialmente. Evangelista, escreveu o Evangelho de Mateus. Mortos com espada na Etiópia.
Tomé Duvidoso e pessimista. Missionário na Índia, declarou fé firmemente. Transpassado por lanças na Índia.
Tiago (filho de Alfeu) Pouco mencionado, discreto. Permaneceu fiel até o fim. Apedrejado até a morte.
Simão, o Zelote Revolucionário contra Roma. Pacificador e evangelista. Crucificado ou serrado ao meio na Pérsia.
Judas Tadeu Pouco citado, sincero. Autor da epístola de Judas. Pauladas e decapitação na Pérsia.
Judas Iscariotes Tesoureiro, traidor. Não se arrependeu verdadeiramente. Suicidou-se (Mateus 27:5).
Matias Escolhido para substituir Judas. Fiel testemunha da ressurreição. Apedrejado e decapitado na Etiópia.
Paulo (Saulo) Fariseu, perseguidor dos cristãos. Apóstolo dos gentios, escreveu epístolas. Decapitado em Roma por Nero.

Quem são os Fariseus de hoje?

Os fariseus, no tempo de Jesus, eram religiosos zelosos pela Lei, mas que muitas vezes valorizavam mais as tradições humanas, a aparência de santidade e o controle religioso, do que o amor, a compaixão e a transformação interior que Deus deseja.

Hoje, não temos fariseus com esse nome, mas o espírito farisaico ainda vive — e pode habitar até mesmo dentro de nós, se não vigiarmos.

Atitude Fariseu de Ontem Fariseu de Hoje
Aparência religiosa Orou em pé para ser visto (Lucas 18:11-12) Publica espiritualidade para impressionar nas redes sociais
Julgamento e condenação Criticou a pecadora que ungiu Jesus (Lucas 7:39) Aponta pecados dos outros, mas ignora os próprios
Apego à tradição Repreendeu Jesus por curar no sábado (Lucas 13:14) Condena ações de misericórdia que “fogem do padrão” da igreja
Vaidade espiritual Gostava dos melhores lugares nas sinagogas (Mateus 23:6) Busca cargos, títulos e reconhecimento humano na igreja
Fala bonita, vida vazia “Este povo honra-me com os lábios…” (Mateus 15:8) Canta, prega, mas vive longe dos valores do Reino
Peso religioso “Atam fardos pesados…” (Mateus 23:4) Impõe regras sem graça, empatia ou acompanhamento
Cegueira espiritual “Guias cegos…” (Mateus 23:16) Ensina doutrina, mas não vive o evangelho

Aplicação: E hoje? Discípulo ou fariseu?

Comparando fariseus e discípulos no contexto atual

Religião de aparências X Religião verdadeira:

O fariseu moderno pode ser aquele que prioriza cargos e status na igreja, mas ignora o serviço e o amor ao próximo.

O discípulo verdadeiro serve a Deus em qualquer lugar, seja em um púlpito ou em ações discretas no dia a dia.

Cumprir regras X Viver a graça:

Os fariseus modernos podem insistir em tradições humanas que afastam as pessoas de Cristo.

Os discípulos refletem a graça e convidam outros a experimentar o perdão e a transformação que só Jesus oferece.

Criticar X Acolher:

Os fariseus julgam os pecadores, enquanto os discípulos os acolhem, sabendo que todos carecem da graça divina.

Afastar-se dos necessitados X Estar presente:

Como fariseus, evitamos situações desconfortáveis ou pessoas marginalizadas.

Como discípulos, buscamos ser a luz em lugares de trevas, mesmo que isso nos custe conforto.

 Jesus ainda confronta o farisaísmo:

“Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! Pois limpais o exterior do copo e do prato, mas por dentro estão cheios de rapina e cobiça.” (Mateus 23:25)


O chamado de Jesus hoje:

Jesus ainda nos chama a ser discípulos verdadeiros, como Ele transformou pescadores rudes e cobradores de impostos rejeitados em apóstolos cheios de graça, amor e coragem.


Para refletir:

  • Será que estou mais preocupado com o que os outros pensam do que com o que Deus vê?

  • Tenho julgado ou acolhido?

  • Minhas ações revelam o evangelho ou apenas uma religião vazia?


Hoje, Jesus ainda chama. Não nos pede perfeição no momento do chamado, mas nos convida a uma transformação profunda. Somos chamados a abandonar o espírito farisaico — legalista, julgador e hipócrita — e sermos discípulos que amam, servem e vivem a graça de Deus.

A pergunta permanece:

Estamos prontos para seguir Jesus como verdadeiros discípulos, mesmo que isso nos custe? Ou continuaremos apenas observando, julgando, e mantendo uma fé de aparência?

Jana Moreno Consultoria - (19) 99988-5719
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