logo_novo Sabedoria do Rei Salomão

“Se, porém, algum de vós necessita de sabedoria, peça-a a Deus, que a todos dá liberalmente e nada lhes impropera; e ser-lhe-á concedida.” Tiago 1:5 

A SABEDORIA Do rei SALOMÃO

salomao_idoso-768x768 Sabedoria do Rei Salomão

Capítulo 1: O Início de uma Jornada

“No caso da vida, enquanto as sombras se alongam e as memórias dançam como folhas ao vento, sento-me aqui, à sombra do meu templo, para compartilhar com você a história que moldou o homem que sou. Ah, quantas lembranças! Como um velho sábio, faço uma pausa e respiro profundamente, permitindo que os ecos do passado venham à tona.

Eu Salomão, nasci sob o olhar desconfiado de um reino que carregava a dor da perda. Sou filho de Davi, o grande rei de Israel, e de Bateseba, cuja beleza não apenas encantou meu pai, mas também trouxe consigo um fardo imenso. Meu nascimento foi envolto em polêmicas e segredos. Havia aqueles que sussurravam sobre a mancha da minha origem, o filho do adultério, o consolo de um pai que chorava a morte do primeiro filho de minha mãe. Mas, em meio a essas vozes, sempre senti um propósito maior. Fui escolhido, mesmo antes de saber o que isso significava.

Os anos da minha infância foram marcados por sombras e luzes. Cresci no palácio, cercado por riquezas e servos, mas também pelas expectativas de um legado que parecia me oprimir. Lembro-me das histórias que meu pai contava, de suas batalhas e vitórias, de como Deus esteve ao seu lado. Eu ansiava por entender meu lugar nesse grande plano. Os desafios de ser o escolhido de um rei que tinha feito de sua vida uma busca incansável por Deus e por justiça eram imensos.

A verdade é que não era apenas o filho de Davi; eu também era o príncipe da sabedoria. Desde cedo, algo em mim sempre buscou o entendimento profundo das coisas, das decisões e das vidas ao meu redor. Recordo-me da primeira vez que meu pai me chamou e me pediu que o acompanhasse até a tenda da reunião. Ele olhou nos meus olhos, com um misto de esperança e preocupação, e disse:

“Salomão, o que você deseja que Deus lhe conceda?”

Naquela fração de segundo, um mundo de possibilidades se abriu diante de mim. Poderia ter pedido riquezas, longevidade ou a vitória sobre meus inimigos. Mas, em vez disso, eu disse:

“Dá-me, pois, sabedoria para governar o Teu povo.”

A escolha que fiz naquele dia ressoou ao longo de minha vida. Sabedoria se tornou meu bem mais precioso, mais valioso que ouro ou prata. É curioso pensar que um jovem, cercado por tanta opulência, desejasse apenas discernimento e compreensão. Essa decisão, fruto de um coração sincero, moldou não apenas meu reinado, mas também minha identidade. Não fui apenas um rei; fui um rei sábio, um rei que buscou entender a vida em todas as suas nuances.

Mas, ah! Que ironia! A sabedoria, embora me trouxesse tantos presentes, também me mostrou a fragilidade da condição humana. Assim, na memória do meu coração, as lições que aprendi se entrelaçam com as histórias que preciso contar. À medida que revivo cada momento, sinto que cada decisão, cada erro, e cada vitória me levaram a um único propósito: conduzir o povo de Deus com justiça e amor.

Agora, convido você a se juntar a mim nesta viagem através das páginas de minha vida. Vamos explorar juntos os altos e baixos, as escolhas que me definiram, e as verdades que emergem das profundezas da sabedoria que, com o tempo, se revelaram a mim. Venha, e que a luz do passado ilumine nosso caminho rumo ao futuro.”*

Capítulo 2: As Sombras da Infância

“Enquanto a brisa suave da tarde acaricia meu rosto enrugado, as memórias da minha infância se tornam mais vívidas, como se o tempo não tivesse passado. O palácio onde cresci, com suas altas torres e jardins exuberantes, era um lugar de beleza deslumbrante, mas também de tensão e conflito. A vida de um príncipe não é feita apenas de festins e celebrações; é permeada por desafios, expectativas e, acima de tudo, comparações. Meu pai, Davi, era um homem de coragem e fé inabaláveis. Ele foi ungido como rei e tornou-se um ícone de batalha e liderança. Entretanto, a sombra de sua grandeza era uma constante em minha vida. Desde pequeno, ouvia as histórias das conquistas de meu pai, o homem que derrotou Golias com uma simples pedra, o rei que trouxe unidade a um povo dividido. Como está escrito:

“E quando os homens voltaram, as mulheres de todas as cidades de Israel saíram ao encontro do rei Saul, cantando e dançando, com tamboris, com alegria e com instrumentos de música.” (1 Sm 18:6).

Em meio a tanta grandeza, eu sentia uma pressão silenciosa, quase invisível, para não apenas viver à altura do legado de meu pai, mas para superá-lo. As rivalidades também estavam presentes, especialmente entre os filhos de Davi. Meu irmão mais velho, Adonias, era forte e carismático, um líder natural que sempre teve a atenção do povo. Por mais que eu o admirasse, havia em mim um sentimento de insegurança. O peso de ser visto como o ‘filho de Bateseba’ frequentemente me acompanhava. Lembro-me das palavras murmuradas, dos olhares furtivos, e de como as pessoas se perguntavam se eu realmente era digno de ser o sucessor do trono. Hernandes Dias Lopes em “Vidas que fazem a diferença”, escreveu.

“A dor da rejeição pode fazer com que você duvide de seu valor e de seu lugar no mundo” escreveu

As noites no palácio eram longas e, muitas vezes, solitárias. Enquanto outros se divertiam e celebravam, eu me retirava para os jardins, onde as flores e os aromas da terra me confortavam. Era ali que encontrava um refúgio, um espaço para sonhar e refletir.

“A solidão é o espaço onde Deus pode falar com você”, disse Max Lucado em “Uma Vida com Propósitos”.

Em meio àquelas sombras, minha mãe, Bateseba, sempre foi uma luz. Ela me ensinou sobre amor e redenção, sobre como Deus é capaz de transformar nossas fraquezas em força. Sua presença suave e encorajadora sempre foi um bálsamo para minha alma.

Uma memória que frequentemente me vem à mente é a noite em que minha mãe me contou sobre a dor que sentiu ao perder seu primeiro filho. O peso de sua tristeza era palpável, e eu, então tão jovem, não conseguia compreender completamente a profundidade daquela dor. Mas entendi que, de alguma forma, minha vida era um consolo para ela e para meu pai, um novo começo em meio à tragédia. Refletiu Hernandes Dias Lopes:

“Deus tem uma maneira singular de usar a dor para nos preparar para grandes coisas”

Essa compreensão trouxe-me um senso de propósito, mesmo antes de entender que um dia eu seria chamado a governar.

As lições de vida eram muitas e, como um jovem espelho, eu absorvia tudo ao meu redor. Meu pai frequentemente me levava para observar a administração de seu reino. Eu via como ele tratava os súditos, sempre com respeito e dignidade, mesmo nos momentos de conflito.  Max Lucado escreveu em O poder da fé

“Um bom líder não é aquele que teme o erro, mas aquele que busca o entendimento”

Aqueles ensinamentos começaram a moldar a visão que eu teria como rei. Deus estava sempre em nossas conversas; minha educação era tão espiritual quanto prática.

E então veio o dia em que o Senhor me fez uma pergunta que mudaria o curso da minha vida. Estava em Gibeom, um lugar tranquilo, repleto de árvores altas e sombras acolhedoras. O altar de Deus se erguia diante de mim, e a voz do Senhor ecoou em meu coração:

“Salomão, o que você deseja que Eu lhe conceda?” (1 Rs 3:5).

O que eu poderia pedir? O que era mais importante do que o coração do meu povo? Naquele instante, percebi que a sabedoria era o presente que eu mais desejava. Pedi sabedoria, não para minha própria glória, mas para governar com justiça.

“E Deus disse: ‘Porquanto pediste isso, e não pediste para ti longevidade, nem riquezas, nem a morte dos teus inimigos, mas pediste para ti entendimento para ouvir o que é justo’” (1 Rs 3:11).

Deus atendeu ao meu pedido e, desde então, meu caminho se iluminou. Se hoje sou considerado o homem mais sábio da terra, foi porque, no silêncio da minha infância, aprendi a ouvir. E assim, cada memória, cada sorriso e cada lágrima moldaram o rei que eu viria a ser.

Convido você a continuar comigo nesta jornada, enquanto exploramos os altos e baixos de meu reinado, os desafios que enfrentei e as lições que aprendi em cada esquina da vida.”