Eu sou GIDEÃO, um improvável Eu sou Gideão, um homem improvável. Minha história é uma de medo, fraqueza e, sobretudo, surpresa. Eu não era um guerreiro, não era um líder nato. Era apenas um homem comum, escondido no lagar (tanque ou cavidade escavada na rocha, onde as uvas eram colocadas e pisadas para liberar seu suco), malhando trigo, tentando sobreviver aos opressores midianitas, povo opressor de Israel. Descendentes de Midiã, um dos filhos de Abraão com sua esposa Quetura, mencionados em Gênesis 25:1-2. Foi ali que o Anjo do Senhor me encontrou e me dirigiu palavras impossíveis: “O Senhor é contigo, homem valente” (Juízes 6:12). Valente? Eu? Como poderia eu, o menor da casa de meu pai, pertencente à tribo mais insignificante de Israel, ser chamado para liderar um exército? Eu não via em mim nenhum potencial. Minha primeira reação foi duvidar, questionar e lamentar: “Ai, Senhor meu, se o Senhor é conosco, por que nos sobreveio tudo isto?” (Juízes 6:13). Meus olhos estavam fixos na ruína ao redor, na fraqueza das minhas mãos, e no medo que enchia meu coração. Mas Deus não se limitou à minha visão. Ele via em mim o que eu mesmo não podia ver. “Vai nessa tua força e livrarás a Israel da mão dos midianitas. Porventura, não te enviei eu?” (Juízes 6:14). Mesmo assim, minha insegurança persistia. Pedi sinais, testei Deus, hesitei. Mas Ele foi paciente e gracioso. Como bem disse Hernandes Dias Lopes: “Deus não escolhe os capacitados, mas capacita os escolhidos” (Heróis da Fé). Ainda que eu duvidasse, Ele permaneceu fiel. Reduziu meu exército de milhares para apenas trezentos homens. Nenhuma estratégia militar faria sentido, apenas a dependência total nEle. E foi assim que a vitória veio, através do improvável: trombetas, cântaros quebrados e tochas. “O Senhor fez cada um voltar a espada contra o seu companheiro” (Juízes 7:22). Não fui eu. Nunca foi sobre mim. Deus chamou um improvável para cumprir um chamado inegável. Como bem declarou o Catecismo de Westminster: “A principal finalidade do homem é glorificar a Deus e gozá-lo para sempre” (Pergunta 1). E eu? Apenas aprendi a confiar e a obedecer. Como disse Max Lucado: “Deus ama nos usar apesar de nós mesmos” (Deus ainda move montanhas). Eu, Gideão, fui um improvável. Mas não fui eu quem fez. Foi Deus. E Ele ainda chama os improváveis para cumprir seus propósitos. Se você também se sente improvável, diante dos conflitos que tem enfrentado? Deus vê em nós o que, muitas vezes, nós mesmos não conseguimos enxergar. Para nós, o tempo é linear: só conseguimos perceber o hoje, temos lembranças falhas do passado e sonhos que parecem distantes no futuro. Mas, se você é assim, saiba que é exatamente das pessoas improváveis que Deus gosta! Ele usa os improváveis para que possamos entender que a vitória só é conquistada porque Ele é soberano. Eu sou Raabe, a improvável Eu sou Raabe, uma mulher marcada pelo passado, uma estrangeira em Jericó, conhecida pelo meu ofício vergonhoso. Durante anos, minha casa, edificada sobre os muros da cidade (Josué 2:15), foi um refúgio para viajantes, mas também um lembrete da minha condição. O mundo me via como impura, indigna, mas Deus… ah, Deus me viu de outra forma! Os rumores de um Deus poderoso, que libertara um povo da escravidão do Egito, que abrira o mar e subjugara reis, chegaram até mim. Meu coração temeu, mas também se encheu de esperança. “Bem sei que o Senhor vos deu esta terra, e que o pavor que infundis caiu sobre nós… porque ouvimos que o Senhor secou as águas do Mar Vermelho diante de vós” (Josué 2:9-10). Foi então que dois homens de Israel entraram na minha casa. Eram espias, e os soldados do rei os procuravam. Eu poderia entregá-los e garantir minha segurança, mas escolhi a fé. Ocultei-os sob o linho no terraço e roguei a eles: “Jurai-me, vos peço, pelo Senhor, que, assim como usei de misericórdia para convosco, também dela usareis para com a casa de meu pai” (Josué 2:12). Eles me deram um sinal: um cordão vermelho pendurado à minha janela seria a garantia de salvação para mim e minha família. O dia chegou. O povo de Israel marchou ao redor da cidade, e no sétimo dia, ao som das trombetas, os muros caíram. Mas minha casa permaneceu de pé. Deus me guardou. Eu, uma estrangeira, fui acolhida no meio de Seu povo (Josué 6:25). E não apenas isso: o Deus de Israel me redimiu de tal forma que me fez parte de Sua própria história. Casei-me com Salmom, gerei Boaz, que foi pai de Obede, avô de Jessé e bisavô do rei Davi (Mateus 1:5-6). Eu, a pecadora de Jericó, fui enxertada na linhagem do Messias. “Onde abundou o pecado, superabundou a graça” (Romanos 5:20). Hoje, olho para trás e vejo que não foi minha esperteza que me salvou, nem minha astúcia, mas a fé no Deus vivo. Se Ele transformou a minha história, também pode transformar a sua. Pois o Senhor não olha para o passado, mas para um coração que crê. Eu sou Débora, uma improvável nas mãos de Deus “(3) Então, os filhos de Israel clamaram ao Senhor, porquanto Jabim tinha novecentos carros de ferro, e por vinte anos oprimia duramente os filhos de Israel. E Débora, profetisa, mulher de Lapidote, julgava a Israel naquele tempo. Ela se assentava debaixo da palmeira de Débora, entre Ramá e Betel, na região montanhosa de Efraim; e os filhos de Israel subiam a ela a juízo.” (Juízes 4:3-5) Eu sou Débora, esposa de Lapidote, uma mulher em um tempo de homens, uma improvável em um tempo de guerreiros. Mas o Senhor, em Sua soberania, escolheu-me para ser juíza e profetisa sobre Israel (Juízes 4:4). Enquanto outros impunham espadas, Ele me deu palavras de justiça. Sentada sob a palmeira entre Ramá e Betel, em Efraim, julguei as causas do povo e transmiti a eles a vontade de Deus (Juízes 4:5). Foram tempos sombrios. Israel estava subjugado pelo rei Jabim de Canaã, e